A ascensão do uso de sobrenomes como primeiro nome no Brasil

Por Redação
13/10/2025 16h11 – Atualizado há 9 horas

Nos últimos anos, o Brasil tem acompanhado uma tendência curiosa e crescente: o uso de sobrenomes como primeiro nome. Essa mudança reflete não apenas uma busca por originalidade, mas também uma valorização da sonoridade moderna e internacional. O fenômeno, que já era comum em países como os Estados Unidos e Inglaterra, está ganhando força entre os brasileiros, especialmente entre as novas gerações de pais que desejam fugir do óbvio.

Por que os sobrenomes estão virando primeiros nomes

O principal motivo para essa transformação é o desejo por nomes únicos e marcantes. Muitos pais querem que os filhos tenham nomes que transmitam identidade, força e estilo, e os sobrenomes oferecem exatamente isso. Além disso, a globalização e o consumo de conteúdo internacional — filmes, séries e redes sociais — expuseram os brasileiros a nomes usados dessa forma em outros países.

Sobrenomes como Parker, Taylor, Hudson e Carter, por exemplo, tornaram-se populares primeiro em produções estrangeiras, e depois começaram a ser adotados como nomes próprios no Brasil. O mesmo ocorre com nomes latinos e europeus que antes eram restritos às famílias, mas hoje aparecem em certidões de nascimento como primeiro nome.

A influência da cultura pop e da internet

A cultura pop e a internet desempenham papel central nessa tendência. A familiaridade com nomes de artistas, influenciadores e personagens de sucesso tem inspirado pais brasileiros. Quando um nome aparece em uma série famosa ou em uma música popular, ele passa a carregar um certo prestígio cultural.

Por exemplo, nomes como Madison, Monroe e Jordan ganharam destaque por serem usados por celebridades internacionais. No Brasil, essa influência se reflete em registros recentes de bebês com nomes como Roosevelt, Duncan e Kennedy, todos sobrenomes que ganharam status de nome próprio.

Sobrenomes que se tornaram nomes comuns no Brasil

Muitos desses sobrenomes já são vistos como nomes comuns no país, especialmente nas últimas décadas. Entre os mais usados estão:

  • Hudson – Originalmente um sobrenome inglês, significa “filho de Hudde”. Transmite modernidade e força.
  • Parker – De origem inglesa, quer dizer “guardião do parque”. Soa sofisticado e internacional.
  • Taylor – Um dos mais populares nos EUA, vem da palavra “alfaiate” e é usado tanto para meninos quanto meninas.
  • Carter – Nome de origem inglesa que remete a “transportador”. Representa dinamismo e sucesso.
  • Kennedy – Antigo sobrenome irlandês que se tornou um nome próprio elegante e marcante.
  • Monroe – Nome escocês que significa “boca do rio Roe”, ganhou fama por Marilyn Monroe.
  • Lennon – Homenagem ao músico John Lennon, é um nome com forte apelo artístico.
  • Anderson – Apesar de soar tradicional, é um sobrenome que virou nome próprio há décadas no Brasil.
  • Jefferson – Clássico exemplo de sobrenome americano transformado em nome popular brasileiro.
  • Madison – Nome unissex que carrega modernidade e charme.

O crescimento dos sobrenomes usados como nomes femininos

Embora o fenômeno tenha começado com nomes masculinos, as meninas também passaram a receber nomes derivados de sobrenomes. A sonoridade delicada e internacional tem atraído muitos pais.

Entre os mais populares estão:

  • Harper – De origem inglesa, significa “tocadora de harpa”. Popularizado por celebridades.
  • Blair – Nome escocês que transmite elegância e sofisticação.
  • Quinn – Um dos mais usados atualmente, com origem irlandesa.
  • Sloane – Nome feminino moderno e curto, muito presente em países de língua inglesa.
  • Hayden – Embora unissex, tem sido adotado com frequência para meninas no Brasil.

Esses nomes combinam bem com a tendência atual de nomes curtos e globais, o que reforça sua popularidade.

Um novo significado para a escolha dos nomes

O uso de sobrenomes como primeiros nomes representa mais do que uma moda — é uma mudança cultural. Ele expressa o desejo de criar uma identidade distinta, cosmopolita e moderna, ao mesmo tempo em que conecta o indivíduo a uma história familiar ou a referências culturais fortes.

Essa tendência mostra que os brasileiros estão cada vez mais abertos a novas sonoridades e significados, refletindo o dinamismo da língua e da sociedade. A escolha de um nome, afinal, é também uma forma de contar quem somos — e de onde viemos.