A batalha pela pronúncia: nomes estrangeiros que são falados de formas diferentes
18/11/2025 13h26 – Atualizado há 3 horas

Com a popularização de nomes estrangeiros no Brasil, um fenômeno curioso ganhou força: a guerra das pronúncias. Muitas famílias escolhem nomes internacionais pela sonoridade, pelo charme moderno ou pela referência a artistas famosos — mas, no dia a dia, descobrem que cada pessoa pronuncia o nome de um jeito diferente. Em alguns casos, o mesmo nome pode ter três versões completamente distintas, dependendo da região, da idade das pessoas e até do nível de contato com outros idiomas.
Essa variação acontece porque o português brasileiro não possui alguns sons presentes em línguas como inglês, francês ou alemão. Além disso, nossa tendência natural é adaptar qualquer palavra estrangeira à fonética local. O resultado? Um cenário onde o nome da criança se transforma em um campo de disputa entre “como se escreve”, “como se fala lá fora” e “como o brasileiro costuma pronunciar”.
Nomes estrangeiros mais disputados na pronúncia
A seguir, alguns exemplos de nomes que geram debates constantes de pronúncia no Brasil — cada um com três maneiras populares de falar:
1. Kevin
- Kévin (aportuguesado)
- Quévin (mais comum no dia a dia)
- Kévin com som de “é” fechado, tentando aproximar do inglês
2. Charlotte
- Xarlóte (adaptação brasileira)
- Char-lót (influência do francês)
- Shar-lôt (influência do inglês)
3. Dylan
- Dílan (versão brasileira)
- Dâilãn (tentativa de inglês)
- Djílãn (influência de sotaques norte-americanos)
4. Henry
- Henri (como em francês)
- Rênri (aportuguesado)
- Ênri (tentando seguir o inglês)
5. Sophie
- Sôfi (forma mais usada no Brasil)
- Sou-fí (influência inglesa)
- Sô-fiê (influência francesa)
6. Emily
- Êmili (aportuguesado)
- Émili (em adaptação direta)
- Êmely (mistura do inglês com português)
7. Noah
- Nôa (aportuguesado)
- Nou-á (influência inglesa)
- No-á (tentativa de aproximação ao original)
8. Liam
- Líam (mais comum)
- Liâm (adaptação)
- Liêm (versão influenciada por falantes de inglês)
Essas variações mostram que a pronúncia de nomes estrangeiros no Brasil não é apenas uma questão linguística, mas também cultural. Cada família, escola ou região desenvolve seu próprio padrão, e muitas vezes o nome ganha vida própria.
Por que essas diferenças surgem?
A principal razão é a influência direta da mídia, da internet e de contatos com outras línguas, que faz cada pessoa interpretar o nome de forma diferente. Além disso, a grafia estrangeira cria dúvidas sobre onde recair a tonicidade e como adaptar sons que não existem no português, levando a múltiplas tentativas de aproximação.
Outro fator importante é a regionalidade. Alguns estados preferem versões mais “abrasileiradas”, enquanto capitais com forte presença de escolas bilíngues tendem a se aproximar da pronúncia original do idioma. Isso transforma o mesmo nome em uma verdadeira disputa de identidades sonoras.
Conclusão
A batalha pela pronúncia de nomes estrangeiros no Brasil revela a criatividade — e a complexidade — do nosso idioma. Em um país tão diverso, é natural que um único nome ganhe várias interpretações. No fim, cada família acaba escolhendo a versão que mais combina com sua história, seu sotaque e seu estilo.