A “maldição” do segundo nome: Por que as pessoas não usam o nome do meio?
02/11/2025 15h02 – Atualizado há 3 dias

Ter um segundo nome é algo comum na cultura brasileira, mas, curiosamente, ele quase nunca é usado no dia a dia. Muitas pessoas sequer lembram que o têm — ele aparece apenas em documentos oficiais ou em situações mais formais. Mas afinal, por que o segundo nome costuma ser “esquecido” com o tempo? Existe uma espécie de “maldição” em torno dele?
A origem do costume de ter mais de um nome
O hábito de usar dois (ou mais) nomes próprios tem origem nas tradições europeias. Em muitas culturas, o segundo nome era uma forma de homenagear santos, familiares ou padrinhos. No Brasil, essa prática foi trazida principalmente pelos portugueses, e se tornou um símbolo de respeito e continuidade familiar.
Com o tempo, o segundo nome passou a ser visto também como uma escolha estética — uma forma de deixar o nome completo mais sonoro ou elegante. No entanto, o primeiro nome sempre prevaleceu como a principal forma de identificação, e é ele que as pessoas utilizam em situações cotidianas.
O esquecimento natural do nome do meio
Há uma razão simples para o segundo nome ser tão pouco usado: a praticidade. Em interações diárias, tanto na escola quanto no trabalho, a comunicação tende a se simplificar. O primeiro nome é suficiente para identificar uma pessoa de forma clara e rápida.
Além disso, há o aspecto emocional: o primeiro nome geralmente é o que carrega mais afeto e identidade. É o nome pelo qual a pessoa é chamada desde a infância, o que reforça o vínculo e torna o segundo nome cada vez mais secundário.
Quando o segundo nome ganha destaque
Apesar de ser pouco usado, o segundo nome pode desempenhar um papel importante em certas situações. Em famílias com nomes muito comuns, como “Maria” ou “João”, o nome do meio ajuda a diferenciar uma pessoa de outra. É o caso de combinações clássicas como Maria Clara, Ana Júlia e João Pedro — nomes compostos que soam como uma unidade e não se separam com facilidade.
Por outro lado, quando o segundo nome não faz parte de um nome composto e é apenas uma adição simbólica, ele tende a desaparecer da rotina. A pessoa pode até gostar dele, mas raramente o utiliza.
A simbologia e a “maldição” cultural
A chamada “maldição do segundo nome” é, na verdade, uma consequência de como a cultura brasileira enxerga a identidade. Aqui, o foco está sempre no primeiro nome — ele é o cartão de visita, a forma de se apresentar e de ser reconhecido.
Em países de língua inglesa, por exemplo, é mais comum que o segundo nome apareça em abreviações ou em contextos formais, como em “John F. Kennedy”. No Brasil, isso é raro. O segundo nome costuma ficar escondido nos documentos, como uma lembrança simbólica de quem o escolheu.
Entre tradição e esquecimento
Mesmo que o segundo nome seja pouco usado, ele carrega uma forte carga afetiva e cultural. Ele pode representar a ligação entre gerações, homenagens a familiares ou até uma tentativa de dar ao nome uma sonoridade mais harmoniosa.
A “maldição” do nome do meio, portanto, não é negativa — é apenas um reflexo da forma como o idioma, a cultura e a identidade se moldam com o tempo. No fim das contas, o segundo nome pode até ficar esquecido, mas nunca deixa de fazer parte da história de quem o carrega.