Nomes que se tornaram “neutros” devido à tradução e adaptação cultural
24/10/2025 21h25 – Atualizado há 1 dia

Com o passar dos séculos, os nomes próprios deixaram de ser apenas uma forma de identificação e se tornaram também expressões culturais e sociais. Um fenômeno interessante dentro desse contexto é o surgimento dos nomes neutros, aqueles que podem ser usados tanto por homens quanto por mulheres.
Essa transformação não aconteceu por acaso. Ela é resultado de mudanças linguísticas, traduções entre idiomas e adaptações culturais que ocorreram ao longo da história. Em muitos casos, o nome foi simplificado, abreviado ou reinterpretado, até se tornar algo universal — e sem gênero definido.
Quando a tradução muda o gênero dos nomes
A tradução de nomes entre diferentes línguas sempre foi um terreno fértil para transformações. Em países de língua inglesa, por exemplo, nomes como Alex, Chris e Sam já se tornaram totalmente neutros.
Originalmente, Alex era um diminutivo de Alexander (masculino) e Alexandra (feminino). Mas a praticidade da forma curta fez com que ele fosse adotado como nome principal, independentemente do gênero.
O mesmo aconteceu com Chris, derivado de Christopher e Christine, e com Sam, que vem tanto de Samuel quanto de Samantha. O uso frequente dessas versões abreviadas no cotidiano, em filmes, músicas e séries, contribuiu para que fossem reconhecidas como nomes unissex em vários países — inclusive no Brasil.
A influência cultural e o cinema na neutralização dos nomes
Outro fator decisivo para a popularização dos nomes neutros foi a influência da cultura internacional. O cinema, a música e a televisão ajudaram a espalhar nomes usados por artistas e personagens de diferentes gêneros, o que ampliou sua aceitação.
Nomes como Taylor, Jamie, Jordan, Casey, Morgan, Charlie e Robin são exemplos de nomes que ganharam neutralidade especialmente em países de língua inglesa. A partir daí, começaram a ser adotados por brasileiros, muitas vezes por pais que buscavam nomes modernos e internacionais.
A presença de celebridades com esses nomes reforçou essa tendência. É o caso de Taylor Swift e Taylor Lautner, que popularizaram o nome “Taylor” entre ambos os gêneros. O mesmo vale para Jordan, que pode remeter tanto ao astro do basquete Michael Jordan quanto a Jordan Pruitt, cantora americana.
Adaptação cultural no Brasil
No Brasil, a neutralidade dos nomes também ocorre, mas de forma adaptada à nossa língua e cultura. Nomes como Ariel, Sasha, Noa e Andrea são exemplos marcantes.
O nome Ariel, por exemplo, vem do hebraico e significa “Leão de Deus”. Apesar de originalmente ser masculino, passou a ser usado como nome feminino após a popularidade da personagem da Disney, “A Pequena Sereia”.
Já Sasha, de origem russa, é um diminutivo de Alexander ou Alexandra, sendo neutro em diversos países da Europa Oriental. No Brasil, o nome ficou mais conhecido após Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa, tornar-se uma figura pública.
Outro caso curioso é o de Andrea: no português, ele é tradicionalmente feminino, mas em países como a Itália e a Alemanha é um nome masculino bastante comum. Essa diferença mostra como a adaptação cultural molda a percepção de gênero associada a cada nome.
Por que nomes neutros estão em alta?
Atualmente, a escolha de nomes neutros está relacionada não apenas à estética ou à influência cultural, mas também a uma mudança de mentalidade. Muitas pessoas e famílias buscam nomes que expressem liberdade de identidade, sem limitar o gênero da criança.
Além disso, nomes curtos e universais são vistos como mais práticos em um mundo globalizado, no qual a comunicação entre diferentes culturas é constante. Assim, nomes como Alex, Noa, Eli, Sam e Ariel continuam crescendo em popularidade, tanto em registros civis quanto em redes sociais.
Uma nova forma de identidade
Os nomes neutros representam uma nova forma de olhar para a linguagem — mais inclusiva, diversa e aberta a diferentes interpretações. Eles mostram que o significado e o uso dos nomes estão em constante transformação, acompanhando as mudanças da sociedade.
O que antes era uma exceção, hoje se torna uma escolha cada vez mais comum. Seja por influência cultural, por gosto pessoal ou por representarem liberdade, os nomes neutros estão moldando uma nova geração de brasileiros que valorizam a autenticidade acima de tudo.