“Santo do pau oco”: a origem religiosa de uma expressão irônica

Por Redação
22/09/2025 12h49 – Atualizado há 1 dia

A língua portuguesa é rica em expressões que carregam histórias curiosas e, muitas vezes, surpreendentes. Uma delas é “santo do pau oco”, usada para se referir a pessoas falsas, dissimuladas ou hipócritas. Apesar de soar apenas como uma crítica cotidiana, a expressão tem uma origem religiosa e histórica ligada ao Brasil colonial.

Durante o período do ciclo do ouro, no século XVII, esculturas de santos em madeira eram comuns nas igrejas e capelas. Algumas dessas imagens, no entanto, eram ocas por dentro, o que permitia esconder objetos ou mesmo transportar ouro de forma ilícita. Assim, o “santo do pau oco” se transformou em um símbolo de falsidade: por fora, uma figura sagrada e respeitável, mas por dentro, um esconderijo para atividades ilegais.

Com o passar do tempo, o termo ultrapassou o contexto religioso e histórico, passando a ser usado de forma figurada para se referir a pessoas que aparentam virtude, mas escondem segundas intenções. Hoje, chamar alguém de “santo do pau oco” é acusá-lo de mascarar sua verdadeira natureza, mantendo uma fachada de honestidade enquanto age de maneira contrária.

Essa expressão mostra como a história do Brasil se mistura com o modo como falamos. Ao usá-la, perpetuamos uma memória cultural que atravessa séculos, revelando que, muitas vezes, a língua é um reflexo das práticas sociais, religiosas e até das transgressões do passado.