Pleonasmo vicioso ou pleonasmo estilístico: Aprenda a diferença crucial

Por Redação
04/08/2025 11h41 – Atualizado há 5 horas

Você já ouviu expressões como “subir para cima” ou “hemorragia de sangue”? Elas podem parecer apenas exageros de linguagem, mas envolvem um fenômeno muito comum no português: o pleonasmo.

Embora o pleonasmo seja frequentemente visto como um erro, nem sempre ele deve ser evitado. Na verdade, existe uma diferença importante entre o pleonasmo vicioso (considerado incorreto) e o pleonasmo estilístico (usado como recurso expressivo). Neste guia rápido, você vai entender como identificar cada tipo — e quando é aceitável ou não usar.

O que é pleonasmo?

Pleonasmo é uma figura de linguagem caracterizada pela repetição de ideias em uma mesma frase. Pode acontecer com palavras diferentes que têm o mesmo significado ou com expressões que se reforçam de forma redundante.

📌 Exemplo genérico: “entrar para dentro”
As palavras "entrar" e "para dentro" transmitem a mesma ideia.

Mas será que todo pleonasmo é um erro? A resposta é: depende do contexto.

O que é pleonasmo vicioso?

O pleonasmo vicioso ocorre quando há redundância desnecessária e que empobrece a linguagem, sem agregar sentido ou estilo. Ele é considerado um erro gramatical, principalmente em contextos formais.

Exemplos de pleonasmo vicioso:

  • “Subir para cima”
  • “Descer para baixo”
  • “Hemorragia de sangue”
  • “Ganhar de graça”
  • “Certeza absoluta”

Nesses casos, a repetição é desnecessária porque o verbo já contém a ideia expressa pelo complemento.

Correção: Subir / Descer / Hemorragia / Ganhar / Certeza

O que é pleonasmo estilístico?

O pleonasmo estilístico, por outro lado, é um recurso utilizado intencionalmente para reforçar ou dar ênfase a uma ideia. Ele é válido em contextos literários, poéticos ou orais, desde que usado com consciência.

Exemplos de pleonasmo estilístico:

  • “Me sorriu um sorriso branco” (Manuel Bandeira)
  • “Rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Moraes)
  • “Vi com meus próprios olhos”
  • “Ouvi com atenção os sons do silêncio”

Nesse caso, o objetivo é ressaltar emoções, criar ritmo ou reforçar significados. O pleonasmo, portanto, é estilístico — e não um erro.

Como saber a diferença?

A principal dica para diferenciar os dois tipos de pleonasmo é observar a intenção e o efeito da repetição:

TipoCaracterísticaPode usar?
Pleonasmo viciosoRepetição desnecessária e sem função❌ Não
Pleonasmo estilísticoRepetição proposital com efeito de estilo✅ Sim

Se a repetição for acidental ou apenas reforçar uma ideia óbvia, trata-se de pleonasmo vicioso. Mas se ela for pensada para produzir um efeito de linguagem, está dentro da licença poética ou estilística.

Conclusão

Nem todo pleonasmo é um erro — e saber a diferença entre o vicioso e o estilístico é fundamental para escrever melhor. Use a repetição com consciência: evite redundâncias desnecessárias, mas explore a força expressiva do pleonasmo estilístico quando o contexto permitir.