Como a linguagem está sendo usada nas publicidades para o público jovem

Por Redação
11/09/2025 10h27 – Atualizado há 2 dias

A comunicação publicitária está em constante transformação, e uma das estratégias mais observadas atualmente é a adaptação da linguagem às tendências do público jovem. Esse público, acostumado a interações rápidas nas redes sociais, valoriza autenticidade, humor e proximidade. Por isso, muitas marcas utilizam gírias, abreviações, memes e até construções gramaticais “incorretas” intencionalmente para se aproximar de consumidores mais jovens.

Um exemplo clássico é o uso de abreviações como “vc” no lugar de “você”, “pq” em vez de “porque” ou “td bem” no lugar de “tudo bem”. Marcas de tecnologia, aplicativos de delivery e redes de fast-food frequentemente inserem essas expressões em posts de Instagram ou campanhas de WhatsApp, simulando a linguagem informal dos usuários. O efeito é imediato: cria sensação de proximidade, mas, ao mesmo tempo, reforça erros ortográficos quando exagerado.

Gírias e expressões populares

Além das abreviações, o uso de gírias é uma ferramenta poderosa para aproximar a marca da juventude. Termos como “crush”, “top”, “partiu” ou “rolezinho” aparecem em anúncios de roupas, cosméticos e até serviços bancários digitais. Por exemplo, um anúncio de sorvete pode usar a frase: “Partiu se refrescar com nosso novo sundae top?” — a construção informal e divertida fala diretamente ao público-alvo.

Outro recurso é o emprego de memes e expressões virais, como “chocadooo”, “só rindo” ou “tô passada”. Eles não só transmitem humor, mas também fazem a campanha parecer orgânica, como se fosse criada por usuários comuns. Marcas de games, streaming e produtos de entretenimento têm usado esses recursos para gerar engajamento em plataformas como TikTok e Instagram.

Erros de português intencionais

Curiosamente, muitas campanhas incorporam erros gramaticais de propósito. Frases como “Se liga, não perde essa promo” ou “Vem que tá top demais” ignoram algumas regras da norma culta, mas criam uma sensação de conversação natural. O objetivo é que a comunicação soe como uma troca entre amigos, em vez de um anúncio formal.

Alguns exemplos mais extremos incluem a substituição de letras para imitar pronúncia falada, como “vamu” em vez de “vamos” ou “ni mim” em vez de “em mim”. Campanhas de aplicativos de mensagens ou delivery frequentemente utilizam essas construções para criar empatia com o público jovem e dar leveza à mensagem.

Emojis, hashtags e linguagem visual

Além das palavras, símbolos e elementos visuais têm papel crucial na comunicação informal. Emojis e hashtags substituem termos ou reforçam o significado das mensagens. Por exemplo:

  • “Vem que tá top 😎🍦 #FicaADica”
  • “Corre pra aproveitar a oferta 🔥💸 #PromoDoDia”

A junção de palavras simplificadas, gírias e elementos visuais faz com que a mensagem seja rápida, chamativa e mais próxima do cotidiano do público jovem.

Riscos e cuidados

Embora essa adaptação da linguagem seja eficiente para atrair atenção, ela exige equilíbrio. Exagerar na informalidade pode gerar confusão ou prejudicar a imagem da marca. Além disso, reproduzir erros de português sem critério pode causar críticas de consumidores que valorizam clareza e correção.

O segredo está em combinar autenticidade, humor e criatividade, mantendo sempre a inteligibilidade da mensagem. Campanhas bem-sucedidas são aquelas que conseguem falar a língua do público jovem sem perder profissionalismo e credibilidade.

Conclusão

A linguagem das redes sociais influencia diretamente a publicidade moderna. Marcas que conseguem entender os hábitos de comunicação do público jovem, utilizando gírias, memes, abreviações e até pequenos erros gramaticais intencionais, têm mais chances de criar campanhas envolventes e compartilháveis. O grande desafio é manter o equilíbrio entre proximidade e clareza, garantindo que a mensagem seja percebida como autêntica e eficaz.