Como a linguagem inclusiva está sendo adotada por grandes empresas

Por Redação
05/09/2025 11h57 – Atualizado há 2 meses

A forma como nos comunicamos não é apenas um detalhe: ela expressa valores, influencia comportamentos e constrói relações. É por isso que o uso da linguagem inclusiva tem ganhado tanto espaço dentro das empresas. Mais do que uma tendência passageira, trata-se de um movimento de transformação cultural que busca promover respeito, diversidade e equidade.

Se antes a preocupação das marcas estava apenas em “o que dizer”, hoje a atenção também se volta para “como dizer”. Essa mudança vem acontecendo em campanhas de marketing, treinamentos internos, políticas de recursos humanos e até na forma como empresas se comunicam nas redes sociais.

O que é linguagem inclusiva?

A linguagem inclusiva é um conjunto de práticas que visa tornar a comunicação mais respeitosa, representativa e acolhedora. Isso significa evitar expressões que excluem, estereotipam ou invisibilizam grupos sociais, e adotar termos que valorizem a diversidade.

Na prática, a linguagem inclusiva pode envolver:

  • Substituição de termos discriminatórios por alternativas neutras.
  • Uso de palavras que incluam gêneros diferentes, como “todas e todos” ou “pessoas colaboradoras”.
  • Adequação da comunicação para diferentes públicos, considerando diversidade étnica, cultural, geracional e social.
  • Clareza e acessibilidade, para que a mensagem seja entendida por todos.

Por que grandes empresas estão adotando a linguagem inclusiva?

O mercado consumidor mudou. Hoje, clientes e colaboradores observam a postura das marcas em relação à inclusão e diversidade. Uma empresa que se comunica de forma inclusiva demonstra valores alinhados ao mundo contemporâneo e conquista mais confiança do público.

Entre os principais benefícios, destacam-se:

  • Reforço da imagem institucional: empresas que praticam inclusão se tornam referências em responsabilidade social.
  • Ampliação do alcance da comunicação: quanto mais pessoas se sentem representadas, maior a identificação com a marca.
  • Atração e retenção de talentos: gerações mais jovens valorizam ambientes de trabalho que respeitam diferenças.
  • Prevenção de crises de reputação: o uso de termos inadequados pode gerar polêmicas e prejudicar a imagem da organização.

Exemplos de aplicação da linguagem inclusiva

Várias práticas já vêm sendo observadas em grandes corporações, tanto no Brasil quanto no exterior. Alguns exemplos:

  • Campanhas de marketing: empresas de cosméticos substituíram o termo “para todos os tipos de pele” por “para todas as peles”, ampliando a sensação de pertencimento.
  • Setor de tecnologia: algumas companhias passaram a usar termos como “lista de permissões” em vez de “lista branca” (whitelist) e “lista de bloqueios” no lugar de “lista negra” (blacklist), eliminando associações negativas.
  • Recursos humanos: formulários de contratação deixaram de ter apenas as opções “masculino” e “feminino”, passando a incluir alternativas que contemplam identidade de gênero.
  • Educação corporativa: manuais e treinamentos substituem “o funcionário deve” por “a pessoa colaboradora deve”, para englobar todos os gêneros.
  • Redes sociais: postagens de empresas passaram a usar expressões como “olá, pessoal” ou “olá, comunidade” em vez de apenas “olá, amigos”.

Setores que lideram essa transformação

  • Moda e beleza: marcas internacionais e nacionais têm apostado em campanhas com modelos de diferentes etnias, idades e corpos, reforçando a diversidade.
  • Alimentação: empresas de fast-food e bebidas já adaptaram slogans e peças publicitárias para evitar linguagem sexista ou excludente.
  • Bancos e fintechs: adotam linguagem inclusiva em aplicativos, contratos e propagandas, substituindo vocativos masculinos genéricos por termos mais neutros.
  • Educação: universidades e escolas privadas vêm implementando manuais de comunicação inclusiva, orientando professores e alunos sobre o uso adequado de pronomes e termos.

Desafios da implementação

Apesar do avanço, adotar a linguagem inclusiva envolve alguns desafios:

  • Resistência cultural: parte da população ainda vê a mudança como desnecessária ou exagerada.
  • Clareza da comunicação: algumas formas de escrita inclusiva, como o uso do “@” ou “x” para neutralidade, podem dificultar a leitura e a acessibilidade.
  • Treinamento interno: equipes precisam de orientação constante para aplicar a linguagem de maneira consistente.
  • Equilíbrio entre tradição e inovação: nem sempre é simples adaptar documentos oficiais sem comprometer a formalidade.

Conclusão

A adoção da linguagem inclusiva por grandes empresas mostra que a comunicação vai além das palavras: ela é um reflexo dos valores de uma sociedade. Ao buscar formas mais respeitosas e representativas de se expressar, as organizações não apenas fortalecem sua imagem, mas também contribuem para uma cultura mais justa e acolhedora.

Trata-se de um movimento em crescimento, que tende a se consolidar como parte essencial da forma como marcas, instituições e pessoas se comunicam. Afinal, quando a linguagem inclui, todos ganham.